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Espaço generalista de informação e de reflexão livres. Na verdade, o politicamente incorreto afigura-se, muitas vezes, como a mais eficaz solução para se ser humana e eticamente LEAL! Desde 18.ago.2008. Ano XI.
De 29 de junho a 2 de julho, terá lugar mais uma edição do Albergaria conVIDA. Sem novidades ou novos pontos de interesse. A Quinta da Boa Vista acolherá, por quatro dias, simbólicas mostras de gastronomia regional, algum artesanato e, além do circuito pelas tasquinhas, subirão ao palco Bombino, Paulo Gonzo, The Gift e Dengaz. Tudo como dantes. A oferta de espetáculos não é lá muito abrangente ou impactante. Faltaria maior diversidade e outra capacidade para fidelizar novos públicos.
Porque as curiosidades têm o seu significado se articuladas com o simbolismo de que se revestem, começa a ser recorrente e, por isso, revelador, que muitas das recentes comunicações camarárias venham assinadas não só pelo presidente da edilidade, António Loureiro, mas também pelo seu Vice-Presidente, Delfim Ferreira. Desta feita, aponta-se a Nota de Abertura da Agenda Municipal de abril a julho do corrente ano. Esta deriva bicéfala, mais do que indiciar eventuais dependências pessoais e políticas, poderá não ser tão congregadora como os mais líricos poderiam supor.
Lamentavelmente, a programação para o Cineteatro Alba (CTA) acaba por diluir-se na linha gizada para o cartaz do Albergaria conVIDA 2017. Sem nada de realmente impressivo, salvam-se os espetáculos com António Zambujo e Ivan Lins. No teatro, a oferta é escassa e ancora-se, à falta de mais alternativas, na peça “Filho da Treta”, com José Pedro Gomes e António Machado, e no Espetáculo Anual de Teatro da Jobra e Art’J. O cinema, por seu turno, parece não ter sido lembrado e daí não merecer especial atenção. Infelizmente.
Sobra a notícia de que a «Bilheteira do Cineteatro Alba alarga pontos de venda», amplamente divulgada pela autarquia. A pretexto de um «alargamento dos pontos de venda de bilhetes para os espetáculos» do CTA, que reduziu o horário da bilheteira, informa-se que «desde o início do mês já é possível comprar ingressos no edifício dos Paços do Município e na biblioteca Municipal e também nas lojas Fnac e Worten». Complementarmente, assegura-se que «na Internet, é possível comprar bilhetes na Bilheteira Online.» Pessoalmente, e logo que os espetáculos são publicamente anunciados, tento, de imediato, proceder à sua compra online. Para meu espanto e azar, muitas vezes constato que a esmagadora maioria dos lugares da sala já estará vendida (ou reservada?), restando aqueles lugares que não são alvo do interesse do grande público.
A merecer justificado destaque está, de 2 a 4 de junho, o “Talabrigae ex libris – Festival Romano”, no Parque do Porto Riba da Branca. Trata-se de uma meritória iniciativa que almeja recriar a época romana, com espetáculos de teatro, música, dança, malabarismo, acrobacias, batalhas, artesanato e saborosa gastronomia. De igual modo, boa nota para a 4.ª edição do “Festival do Pão de Portugal”, a realizar de 9 a 11 de junho, na Quinta da Boa Vista/Torreão. Este ano, sobressai o “Trail Rota dos Moinhos – Comigo Ninguém Faz Farinha!”. Por fim, não esquecer o evento “Há Festa na Aldeia”, em Vilarinho de São Roque, Ribeira de Fráguas. Ali se mantém um projeto precursor, dinamizado pela ADRITEM, em comunhão de esforços com o município. Mais uma vez, ressaltará a aposta que prioriza as tradições locais e a participação ativa da população, numa genuína viagem às raízes mais ancestrais daquele território.
Reportando-me ainda à Nota de Abertura do mais recente número da Agenda Municipal, centrada nos eventos de abril a julho, não deixa de ser curioso o último parágrafo que anuncia, para agosto, o concerto com o grupo Fanfarra Kaústica para «assinalar a comemoração do Feriado Municipal». Das duas uma: ou o mês de agosto, em que somos (re)visitados pelos nossos emigrantes, será de novo pautado pela ausência de animação mainstream, mormente no terceiro fim de semana daquele mês, ou a programação para o novo Mercado Municipal, cuja imponência exige pronta validação, acolherá múltiplas iniciativas ainda por revelar. Mas, antes disso, importaria saber se o novo mercado será autossustentável e verdadeiramente aliado dos pequenos e médios agricultores e empresários albergarienses ao ponto de ali se garantir o escoamento dos seus produtos.
De 29 de junho a 2 de julho, terá lugar mais uma edição do Albergaria conVIDA. Sem novidades ou novos pontos de interesse. A Quinta da Boa Vista acolherá, por quatro dias, simbólicas mostras de gastronomia regional, algum artesanato e, além do circuito pelas tasquinhas, subirão ao palco Bombino, Paulo Gonzo, The Gift e Dengaz. Tudo como dantes. A oferta de espetáculos não é lá muito abrangente ou impactante. Faltaria maior diversidade e outra capacidade para fidelizar novos públicos.
Encerro com uma estimulante reflexão de Antero de Quental, que nos exorta a burilar a sociedade que realmente buscamos: «A DEMOCRACIA não é uma palavra vã … é a Igualdade Social e Económica, tendo por instrumento a Liberdade Política. É a partilha justa, entre todos os membros da sociedade, dos bens materiais, como garantia duma igual distribuição dos bens morais entre todos. É a ponderação das forças sociais, feita pela lei e pelo pacto livre, em vez de ser feita pelo acaso cego, pela luta fratricida, pelo equilíbrio, a cada momento instável, da concorrência. É o trabalho considerado, definitivamente e realmente, a única base do Estado. É a lei feita, enfim, por todos, em serviço de todos. É o povo chamado ao banquete olímpico da Instrução, da Prosperidade e da Moralidade … Em duas palavras: o povo pede que o deixem ser homem …» - DEMOCRACIA, Antero de Quental, Almanak para a Democracia Portuguesa, 1870.
José Manuel Alho
«Tira a mão do queixo não penses mais nisso
O que lá vai já deu o que tinha a dar
Quem ganhou ganhou e usou-se disso
Quem perdeu há de ter mais cartas pra dar
E enquanto alguns fazem figura
Outros sucumbem à batota
Chega aonde tu quiseres
Mas goza bem a tua rota»
(“A gente vai continuar”, de Jorge Palma)
Socorro-me de alguns versos de uma das mais belas e significativas canções de Jorge Palma. Versos que acabam por exaltar muitas das evidências que atravessam a sociedade contemporânea, numa conjugação de verdades terapêuticas que se entranham de tão óbvias. Há muita gente que, ganhando, «usa-se MESMO disso» porque, «enquanto uns fazem figura, outros sucumbem à batota». O trágico mas concorrido fado de quem não sabe enredar-se, com sucesso e eficácia q.b., na opaca malha dos expedientes, cunhas e favores em cobrança permanente. Ainda assim, incumbe aos que ousam não soçobrar, cumprir a canção: «chega aonde tu quiseres, mas goza bem a tua rota». Apesar da batota, do chico-espertismo e de algumas cartas viciadas.
Depois da trapalhada envolvendo a opção de requalificar a Escola da Avenida e das enigmáticas declarações imputadas ao Presidente da edilidade revelando «quando o Presidente da Câmara e a Vereadora da educação vão visitar uma escola com diretores da Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares e não são recebido pelo Presidente da Direção, muita coisa vai mal. Não preciso de dizer mais nada.» - que aguardam, até hoje, pela competente clarificação - surgem agora, com crescente insistência, estranhos vaticínios sobre a finalidade que aquela obra poderá, afinal, conhecer a médio prazo. Aparentemente, começa a constar que a requalificação acabará por acolher e servir a Universidade Sénior. Verdade ou mentira?
Ainda sobre a necessidade de ser claro, assertivo e atuante, recordo as sábias palavras da Vereadora Catarina Mendes, na sessão ordinária da Assembleia Municipal de 18 de novembro: «As pessoas são chamadas a falar e na hora certa não dizem nada.» Impõe-se então saber se a situação, para mal geral, se mantém inalterada ou se o louvor seguidista terá sanado tudo – e parecia ser muito – que ia mal?
Tida como uma das mais prestigiadas companhias de Flamenco de Espanha, o Ballet Flamenco de Madrid subiu, na passada sexta-feira, ao palco do nosso CineTeatro ALBA. Tratou-se de uma boa opção de programação para a principal sala cultural do nosso concelho, com o espetáculo “Flamenco Feeling – El Sentimento”, aproveitando o facto de o grupo se encontrar em digressão pelo país. Note-se que o Ballet Flamenco de Madrid nasceu em 2001 como companhia independente de Teatro, convertendo-se, em finais de 2009, numa associação cultural sem fins lucrativos.
Boa nota para a edificação de dois novos parques infantis em Pinheiro, freguesia de São João de Loure, e no Jardim de Infância do Campo, em Ribeira de Fráguas, num investimento camarário orçado em pouco mais de 20 mil €uros. Infelizmente, a população parece consentir, com inexplicável permissividade, o crescente desprezo a que este tipo de infraestruturas tem sido votado pela autarquia. De início, o executivo camarário ter-se-á esforçado por aparentar um ímpeto reformador indexando, nos termos da legislação aplicável, a criação de parques infantis à edificação de um punhado de urbanizações. Percebeu-se, entretanto, que a degradação imposta pelo tempo terá desnudado o lirismo que animaria tão nobres propósitos. Ainda hoje, as crianças do concelho mereciam mais e melhor.
No caso concreto dos parques infantis, assunto que só interessa a autarcas sensíveis às matérias da infância, cumpre sublimar a importância daqueles espaços para o desenvolvimento pleno, integral e harmonioso das crianças. De igual modo, importa assacar aos poderes públicos a responsabilidade de a todos garantir o direito de brincar e, mais concretamente, o direito de brincar em segurança, contribuindo para a promoção de uma verdadeira cultura de valorização da infância.
Em razão do crescimento desmesurado do betão, que nos constrange, a população debate-se com a falta de espaços verdes, a insegurança, a poluição e a falta de tempo de muitos pais para, em circunstâncias satisfatoriamente estruturantes, fomentar atividades lúdicas. Acresce a esta evidência o reconhecimento de que as nossas crianças tendem a passar demasiado tempo em ambientes fechados, sentadas ao televisor, ao computador, comprometendo assinalavelmente o seu desenvolvimento físico, psicológico e social.
Albergaria passou a integrar um lote de 168 autarquias que promovem comportamentos efetivamente fomentadores da igualdade e da eliminação da descriminação, de acordo com as orientações da Comissão para a Cidadania e a Igualdade do Género. O Município celebrou um protocolo, com a validade de um ano, de cooperação com a Comissão para a Cidadania e a Igualdade do Género.
Aliás, a Igualdade de Género é um predicado de qualquer sociedade que se preze democrática e respeitadora dos Direitos Humanos. O comprometimento das sociedades na construção de uma coletividade mais igualitária é, em primeiro lugar, uma questão de ética e de responsabilidade social. Muitas empresas reconheceram, no século vinte, a premência de investir numa economia verde. Agora é tempo de fazer da Igualdade de Género a aposta dos nossos dias. Assim, tal como aconteceu com a promoção de valores de proteção e sustentabilidade ambiental, a promoção da Igualdade de Género atrai ganhos e proveitos geracionais inestimáveis, ao mesmo tempo que prioriza uma orientação vocacionada para a justiça social, os Direitos Humanos e para a sustentabilidade das sociedades.
No meio de tudo isto, e voltando à canção de Jorge Palma, o que importa é que…
«Enquanto houver estrada pra andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada pra andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar»
José Manuel Alho